07/11/06

Crash Music, Sweet Music


Quando entramos na sala de Crash Music reparamos nos discos partidos e sentimos os cacos debaixo dos pés. Andamos com cuidado. Se fôssemos crianças perguntaríamos: porquê partiu tudo? Talvez porque não gostava daquelas músicas. Porque um dos discos é dos Duran Duran. Ou porque a parede do museu pode ser a parede de fuzilamento, de execução. As marcas ainda são visíveis na parede, os riscos pretos vincando a parede branca, marca de terem sido atirados.
Porquê partiu tudo? Uma criança coloca esta questão perante a desolação daquela sala. A resposta até pode estar nas nossas costas, nas frases que se lêem na parede oposta à execução mas, ainda assim, parece não haver resposta. Procuramos sempre um significado, um simbolismo, uma referência que nos ajude a explicar a relação entre a obra e o artista, mas não pode simplesmente ter uma explicação directa? Ir com uma criança na idade dos porquês a uma exposição de João Paulo Feliciano é o maior desafio que uma mãe pode ter. Não só Crash Music mas também White Dust /Rusted Strings (pó de talco...), Sweet Music (gomas) e The Big Red Puff Sound Site (puff gigante onde se ouve nos auscultadores Teenage Drool de Tina and the Top Ten).

João Paulo Feliciano - The Possibility of Everything, na Culturgest de Lisboa até 30 de Dezembro.

[Susana Viegas]

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