30/07/07
28/07/07
D. H. Lawrence
Sentiu-se de novo invadida por uma onda assustadora da inutilidade cinzenta e fragmentada de todas as coisas. [Virginia Woolf transmitiu esta sensação de forma muito mais certeira centenas de vezes]. Aqueles seres [expressão de um paternalismo insuportável] constituiam a massa industrial [cliché socialista e duplamente paternalista], os outros que ela conhecia, as classes dirigentes, não havia nenhuma esperança... já não havia nenhuma esperança [o tradicional pessimismo pequeno-burguês em que os convertidos se especializam]. E mesmo assim queria um filho, um herdeiro para Wragby! [O ponto de exclamação, claro, o maldito ponto de exclamação].
E Mellors vinha daquilo também. Tinha-se emancipado, como ela, mas dentro dele não havia fraternidade [chavão], tinha morrido. Sim, o sentido de fraternidade tinha morrido dentro dele, só existia isolamento e desespero, em relação a todas as coisas [redundância, exagero estilístico, e por aí fora]. E isto era a Inglaterra, a imensa magnitude de Inglaterra. E ela sabia-o, porque a tinha atravessado desde o centro.
O problema é que as origens de Lawrence não facilitavam o completo entendimento da mentalidade da aristocracia que retrata, e por isso facilmente cai no lugar-comum da burguesa contaminada por ideias socialistas de emancipação feminina e revolta da classe trabalhadora. Virginia Woolf, em "Mrs Dalloway", aproxima-se muito mais deste idealismo derrotado das classes letradas, do seu eterno complexo de culpa mal fermentado. Isto é o conteúdo temático. A forma não é melhor; o exagero romântico aproxima a prosa da literatura de cordel, ou quando muito de uma Jane Austen sem sentido de decoro. As descrições das condições de vida dos mineiros, embora eivadas das melhores intenções, não se aproximam do sentido de emergência trágica de Charles Dickens, por exemplo. Apesar da pretensão realista, aos olhos de um leitor do século XXI a prosa de D. H. Lawrence não passa de um acumular de preocupações ultrapassadas, envoltas num estilo romântico que consegue tornar desfasado o realismo pretendido. A literatura que perdura vive do poder da fábula, do talento do escritor em tornar o particular universal. Pegar em sentimentos, desejos, ideias corriqueiras, de maneira a chegar ao maior número de leitores possível, e transcender a temporalidade de cada vida. Por exemplo, apenas num ensaio, "Um Quarto que Seja Para Si", Virginia Woolf fala explicitamente dos direitos das mulheres, das suas aspirações e desejos. Mas em todas as suas obras de ficção, a principal ideia que passa é essa. Mas ao tornar a demanda feminina um problema existencial, uma busca de liberdade universal, conseguiu fixar a sua obra no tempo - sem falar, claro, dos aspectos estilísticos, a "corrente de consciência", etc.
A literatura não precisa de revoluções para se impor à eternidade. Basta-se a ela própria; na verdade, apenas consegue mudar a sociedade se se conseguir estabelecer por si própria. "1984" é uma obra-prima porque não diz que regime retrata. Apesar das conhecidas ideias socialistas de George Orwell, ele conseguiu resistir à evidência e construiu uma fábula que chama a atenção para os perigos de qualquer ideologia totalitária, seja de direita ou de esquerda. Enquanto continuar a gerar leituras contrárias, será um livro eterno. A literatura auto-suficiente.
(A versão citada de "O Amante de Lady Chatterley" foi publicada na colecção Mil Folhas, do Público, e é uma tradução de Maria Teresa Pinto Pereira.)
[Sérgio Lavos]
27/07/07
Lady Chatterley
Sobretudo, este é um belo filme sobre a natureza sexual primitiva do Homem. Sobre o modo como essa natureza actua sobre as paixões humanas. E sobre a dificuldade que é resistir à pressão das convenções sociais que espartilham este desejo essencial de liberdade. Não é pouco.
[Sérgio Lavos]
Battles
Realizado pelo fotógrafo Tim Saccenti, o vídeo para Atlas é uma excelente apresentação dos Battles (Mirrored) cuja organização do espaço interno faz, de algum modo, lembrar as jaulas que centram as figuras nos quadros de Francis Bacon. Tim Saccenti optou por filmar num estúdio de fundo preto, o que faz realçar o espaço caótico da acção permitindo, além do mais, um efeito especial natural: o vidro transparente torna-se espelho reflectindo a banda nas paredes espelhadas. Esta transitoriedade possibilita a montagem de diversas perspetivas do espaço, numa série de refracções acentuadas pelas imagens espelhadas.
[Susana Viegas]
26/07/07
The National
D.J. Irmão Lúcia, ouve este álbum mais do que uma vez seguida. Depois falamos.
[Sérgio Lavos]
Movimento
24/07/07
Stuntman Mike
22/07/07
Death Proof
[Sérgio Lavos]
20/07/07
Literatura e fantasma (2)
Mas, a América. Tenho para mim que a razão de, actualmente, os ilustres representantes dessa raça de criadores malditos serem quase todos americanos, se deve a dois factores: o actual predomínio cultural desse país no mundo (basta comparar com o tempo de esplendor intelectual que a França vivia a quando da desistência de Rimbaud); e, mais agudamente, a influência do cinema no imaginário de toda uma geração de criadores. Aliás, o cinema também tem a sua dose de excêntricos reclusos: de Kubrick a Malick, a Francis Ford Copolla (que, reparem não faz um filme para aí há dez anos, e não me apetece googlar esta informação), abundam os exemplos. De outro modo, o cinema tem-se interessado por estas personagens exaustivamente. O escritor que se cala, que escreve um romance e não dá mais notícias ao mundo. Ora, este tipo de interesse apenas pode levar à continuação deste estado de coisas. Enquanto alguém se questionar sobre o paradeiro do escritor silencioso, este continuará na sua, alimentando especulações e sobretudo construindo um mito, contribuindo para o empolamento da sua obra.
Imaginemos um cenário: Thomas Pynchon aparecendo em todo lado a cada livro novo, entrevistas, recensões, idas a programas televisivos, enjoo infernal (pensemos, por exemplo, em António Lobo Antunes multiplicado por mil, o universo americano), Pynchon omnipresente, Harry Potter para as massas intelectuais deste mundo. Quantos de nós não desistiriam de o ler (e não é difícil, tendo em conta o tamanho crescente das suas últimas parições)? Porque o preconceito é um belo sentimento: não lemos porque todos lêem.
Enquanto o cinema americano se interessar por este clube, eles vivem. Para bem da perpetuação dos nossos mitos.
[Sérgio Lavos]
Literatura e fantasma
O problema é: a quanto de encenação é que se deve a admiração que um leitor pode ter por um escritor? Desaparecer é sempre aparecer num lugar diferente: quando imaginamos a vida de Salinger depois da sua decisão, estamos a criar uma história nova. Prescindimos de notícias do mundo dos mortos - a nossa história será talvez mais interessante do que qualquer mudança na realidade. Fala-se de mitos por muito menos do que isto.
[Sérgio Lavos]
18/07/07
Luvas de médico
(Antes de mais, aproveito para esclarecer que o dito programa era coisa que me passava completamente ao lado, até há dois meses; até Cormac McCarthy começar a ser procurado nas livrarias por donas-de-casa menos que desesperadas e leitoras apaixonadas de livros de Jesus Cristo canalizados pela filha do Raul Solnado. Parece que ele foi lá; e que "A Estrada" se tornou um semi-best seller em Portugal - comprovadamente. O que me surpreendeu não foi o facto de ele ter ido lá - toda a gente precisa de fazer pela vida - mas o facto fantástico da apresentadora ter lido a comovente dedicatória (ao filho) e ter achado que aquilo era livro para convencer os milhões de sub-humanos que se deleitam com os seus conselhos diariamente. O mundo realmente já não é o que era.)
A jornalista dedica-se no artigo a dissecar as razões do êxito de tal produto, com a dose certa de cinismo e vontade jornalística de fazer um trabalho decente. O que azucrina estas profissionais não são os milhões de pessoas que decidem gastar alguns euros no livro; nem sequer o pudor derrotado por ter de obedecer ao chefe de redacção; o que realmente chateia esta gente é o facto daquela coisa ser um livro. Ouviram (?) bem: "O Segredo" é um livro, e isso chateia. Chateia, porque se pode encontrar nos mesnos locais onde se encontra a "Odisseia" ou "O Anti-Cristo" ou até quem sabe as "Elegias" de Holderlin. Pois é, é assim mesmo. Não há zonas desnuclearizadas neste belo Paraíso consumista onde vivemos. Um livro é um livro é um livro: um conjunto de páginas responsáveis pelo abate de mais algumas árvores da floresta amazónica, alguma tinta (nada biodegradável) e cola. Nada mais que isto. É que, na verdade, tudo é um produto, tudo se vende e se compra. Se alguém esperto decide facturar uns milhões à custa da ignorância de alguns milhões, qual é o problema? A questão: nada é de graça. Não vale a pena rebater, recorrendo ao sarcasmo, tal fenómeno. Queremos livrarias assépticas, desinfestadas de tal praga editorial? Deixem de considerar o lucro como objectivo máximo do negócio - paradoxo a que apenas homens como Vítor Silva Tavares, editor da &etc, se podem dar ao luxo de prender.
Na verdade, ninguém liga ao assunto. As pessoas continuam a comprar, com mais ou menos vergonha, à socapa, o livrinho da Rhonda Byrne. Continuam a achar que, aceitando banha da cobra, poderão enriquecer alguém mais para além de todos os que já lucraram com a comercialização do livro (e são bastantes). Nem se apercebem, no caso de serem habituais do tema, que têm as prateleiras cheias lá em casa com livros do Dale Carnegie ou do Trevisan ou da vizinha do 5º esquerdo que começou a ver Deus na sanita e decidiu escrever um livro sobre o caso, livros esses que repetem exactamente as mesmas coisas que o livro que acabaram de comprar diz. Não é importante. Compram o livro como se comprassem um par de chinelas. E é tudo.
[Sérgio Lavos]
17/07/07
Edit!
[Susana Viegas]
David Fonseca
Superstars, o novo vídeo de David Fonseca (realizado pelo próprio) é o primeiro single a antecipar o novo álbum a sair no Outono próximo. Denunciando um ambiente bastante singular (com alguma aproximação ao mundo fantasioso e infantil de Michel Gondry), tem alguns elementos dos quais gosto bastante: as referências a Dracula, The 39 steps ou Close up * leia-se Blow-up não deixam esconder o interesse cinéfilo do David (que na verdade diz que gostava de ser fotógrafo); o verde escaravelho do vestido; o fundo luminoso tipo The Killers; o assobio.
[Susana Viegas]
Videografias 13
O vídeo é um mimo. A cartolina usada para o corta e cola dos membros da banda, um sentido de ridículo demasiado acentuado, a citação kitsh que começa nos Abba e acaba num clube qualquer às tantas da madrugada, uma mão no soutien e outra a sentir a qualidade do tecido da cueca, a dança estilo-chunga na pista com bola de espelhos, nada (ou tudo) está fora do sítio. E a letra de Cocker, que dizer? "You're the first girl of the school to have breasts/Martyn said that yours were the best/The boys all loved but I was a mess/I had to watch them trying get you undressed". Estes versos podem figurar certamente no panteão das melhores letras de sempre da música pop, lado a lado com um "Like a rolling stone", de Dylan ou "Hallelujah", de Leonard Cohen. Interessante é também a história paralela que se conta no clip, diferente da narrativa da letra. O elogio da working class - a saída às 6 da tarde da lavandaria, sexta à noite, a ânsia pelo fim-de-semana, a Deborah de pexisbeque; o rapaz com um estilo mod a cortar o cabelo, ela com o Jarvis atrás (I hope my breath won't stink), a auto-paródia pulpiana, o metro feito de papel de lustro, a revista Face com Jarvis, o rapaz sósia de Jarvis ouvindo os discos dos Pulp, a doença dos 90 - anorexia -, as comoventes cenas de intimidade doméstica, etc., etc., até ao grand finale, com cigarro e tudo, posters na cama e figuras de papel numa grande canção sobre os anos da adolescência - e, já agora, sobre os 90.
Sete anos depois de 2000, onde andamos nós, antigas personagens de uma música dos Pulp?
(O vídeo foi realizado por Pedro Romhanyi)
[Sérgio Lavos]
14/07/07
3-3
A vontade humana não é coisa fácil de domesticar. Talvez a razão de não entender muito bem os misteriosos poderes da Fé. Agrilhoar-se a uma incerteza parece-me tão insensato como negar de forma definitiva essa mesma incerteza. (E Deus acena a cabeça em concordância comigo). O meu ateísmo suave permite, no entanto, que concorde com uma ou duas coisas: uma delas, na ordem do dia, é a missa em latim. Manter as massas na ignorância? Não, não entenderam nada. Tornar a religião humana, atribuindo-lhe a qualidade mais humana de todas: a capacidade de maravilhar, deliciar esteticamente. E Bento XVI, intelectual distante do paganismo inerente à religião católica, percebeu o que está em causa. Apenas a Razão pode estabelecer o catolicismo, e a Razão nasce da contemplação do mundo: o ritual, a envolvência, o confronto com o inefável. Nós, pobres ateus, nem sabemos o que perdemos.
*House empata no final, de acordo com um leitor. Devo ter adormecido a meio do encontro.
[Sérgio Lavos]
12/07/07
Cansei do Inverno
Ir à praia. A ideia não é igual para todos. Há quem vá para estar horas a fio na areia, outros preferem o mar, outros a esplanada em frente e uma cerveja que nunca desaparece. Durante muitos anos, nenhuma destas versões me atraía. Reconheço algumas expressões de desprezo, aí no meio da multidão (reduzida, que estamos em tempo de férias) - tenho a sensação de que a maior parte dos que param para ler o que se escreve neste blogue não se reconhece no que vou dizer a seguir; ou reconhecem-se demasiado. De qualquer das maneiras, a reacção pode ser desagradável. Como sentir os grãos de areia a esvoaçar em dia ventoso. Ou acordar com a pele queimada de um lado, depois de uma sesta que julgávamos retemperadora. Ou levar com uma bola de miúdo. Ou ouvir as conversas do vizinho - aí, lamento, mas isso nem sempre é mau. Quem não gosta de escutar uma boa história de faca e alguidar, que se retire em silêncio deste tugúrio.
Eu também fui assim. E há quem ainda seja, bastante entrado na idade. Há quem morra assim, sem sentir os prazeres de um banho de horas; sem usufruir da onda de melanina que a absorção dos raios solares provoca, aquela vaga sensação de euforia que se segue a um dia de praia; sem poder se dar ao luxo de olhar mais do que demoradamente para o topless da modelo em frente, entre um cochilo e outro. Esqueçam os contras, e sobretudo esqueçam o estilo - um homem em pleno verão não precisa de estilo nem de verdade; é-lhe suficiente o leve torpor de um dia luminoso, belo e esquecido de si mesmo.
[Sérgio Lavos]
A missa
Quando uma banda tem plena consciência do seu lugar no mundo, perde a sua essência. O que aconteceu aos Arcade Fire no Super Bock Super Rock poderia ser isto. Lembro a primeira versão deste festival. Quando vi, pela primeira e única vez, os Morphine ao vivo. Alguém os ouve, ainda? Nem por sombras. São apenas uma memória para os milhares que ficaram deslumbrados com esse concerto - distante das dezenas que viram os After Crying naquele dia, mas a ideia é a mesma. Creio que os sortudos que viram os Arcade Fire em Paredes de Coura devem ter sentido na pele isto - um arrepio irrepetível. Por isso, extasiaram ao som da missa que os músicos canadianos deram na semana passada. Eu não estive lá da primeira vez. Não me converti. Nenhuma Nico pode bater em sentimento uma improvisação entre pai e filha.
[Sérgio Lavos]
08/07/07
Os últimos 5 livros
- O grande Gatsby de F.Scott Fitzgerald;
- Madame Bovary de Gustav Flaubert;
- Os filmes da minha vida 2º volume de João Bénard da Costa;
- Hilda de Marie Ndiaye;
- Na praia de Chesil de Ian McEwan.
Passo a palavra ao Armando e aos Verdetes que quiserem participar no desafio.
[Susana Viegas]
07/07/07
Aniversário
Ninguém comemora aniversários. Uns bebem até esquecer que a data vai passando. Outros esquecem antes de beber e vivem como no poema de Mário de Sá-Carneiro ("Quando eu morrer batam em latas"). Mas sinceramente, ninguém pode, de maneira séria, celebrar a passagem do tempo. O nascimento, claro. Dou de barato esse pormenor relacionado. Não somos responsáveis pela nossa vinda ao mundo - porquê então lembrar anualmente o facto? Sem falar da perfeita aleatoriedade dos marcos temporais. Vivíamos melhor sem calendário? Viveríamos mais descansados, sem a pressão de cada aniversário. O assunto acaba por ser um pouco repugnante - lembra sempre os que escondem os anos que passaram, aqueles que queremos manter a uma distância sanitária.
Não gritar, não soprar velas, não partir o bolo. Dispenso tudo isso; mas, por favor, continuem-me a presentear com a vida material a que também tenho direito - objectos a que eu possa prender o meu afecto, tendo a certeza que nenhuma retribuição lhes é devida; o único tipo possível de amor desinteressado. Continuarei a esquecer aniversários (quem me conhece sabe que é assim). O meu próprio aniversário, espero um dia esquecê-lo. Não existe maior felicidade do que viver fora do tempo.
[Sérgio Lavos]
06/07/07
Bloc Party
[Sérgio Lavos]
Uma verdade
Não acredito em símbolos, nem em histórias de milagrosas coincidências. Acreditava no sabor do fruto quando o verão atingia o seu auge; um mel ácido, um gosto que dançava na boca como vento. Não há fruto que defina melhor o verão. A sua cor amarela que se transforma em laranja quando amadurece mimetiza os dias que se estendem sobre a noite - sonhei muitas vezes com o nórdico sol da meia-noite; às dez horas um lençol fino de luz velada ainda espreitava por cima da linha da horizonte - e utilizo o presente sabendo que pode não ser já assim. Entre mudanças de horário e adaptações ao ritmo da vida moderna, perdeu-se o fulgor de uma tarde de verão interminável - como um damasco.
A lâmina da moto-serra despedaçou tronco e braços; quando cheguei, o damasqueiro era apenas um amontoado disperso de madeira morta. Os frutos apodrecidos pelo chão. O meu pai contou-me tudo com tristeza no olhar.
Não há verdade na natureza. Apenas ciclos e estações, sequências. Nenhuma consequência. Mas, recordo agora, longe da árvore derrotada pelo tempo, o modo como a seiva nascia dos rebentos novos. Um âmbar dourado que percorria o sulco da casca até ao solo. Empoleirado lá em cima, eu via os aviões descreverem trajectórias sem princípio nem fim. Nada me cercava. Desconhecia em pleno o que era a liberdade. Vivia.
[Sérgio Lavos]
05/07/07
Meme assim
- Na Praia de Chesil, Ian McEwan, Gradiva
- Avenida Paulista, João Pereira Coutinho, Quasi
- A Salvação de Wang-Fô e outros contos orientais, Marguerite Yourcenar, D. Quixote
- The Penguin Book of Modern British Short Stories, ed. Malcolm Bradbury, Penguin
- Casei Com Um Comunista, Philip Roth, D. Quixote
A cadeia a que eu gostava de dar seguimento não é esta. O que eu gostava mesmo era de falar dos últimos 5 livros que eu gostava de ter lido no caso de um dos meus autores preferidos o ter escrito. Por exemplo: um fresco escrito sobre as invasões francesas escrito por Dostoievski. Um romance de Kafka que tivesse um final que redimisse a culpa de todas as personagens. Um conto de Borges que não desembocasse na circularidade total - que fizesse sentido fora dele mesmo. Um novo romance de J. D. Salinger sobre os seus anos de aprendizagem da reclusão e do silêncio - enquanto escrevia obras assinando T. Pynchon. Um novo livro de contos de Herberto Helder - novos em estilo, influenciados pela crueza de Raymond Carver e Brett Easton Ellis, que imitassem a vida como ela nunca foi.
Passo a palavra a Baptista-Bastos, a Alexandra Solnado (e a Jesus Cristo, se pudesse ser), a Christopher Hitchens, ao André e ao "Rogério".
P.S.: Escrevi este texto ontem. Entretanto, reconheci a ideia, e não é minha. O irmaolucia pensou (antes de mim) em algo semelhante - mas com desenhos. O plágio é uma coisa desgraçada.
[Sérgio Lavos]
03/07/07
Rebellion (Lies)
Primeiro vídeo para os Arcade Fire (e realizado por Chris Grismer em 2005), Rebellion (Lies).
Parabéns Sérgio
[Susana Viegas]