O primeiro passo para uma solução talvez consista então no reconhecimento deste bloqueio radical: por definição, nenhum dos campos pode ganhar: os Israelitas não podem ocupar todos os territórios árabes (Jordânia, Síria, Líbano, Egipto...), pois o aumento de território é acompanhado por uma vulnerabilidade proporcional; os árabes não podem destruir militarmente Israel (não só devido à sua superioridade em termos de armas convencionais, mas também porque Israel possui a arma nuclear: temos aqui o regresso em força à velha lógica da Guerra Fria fazendo pairar o risco de uma destruição mútua assegurada). Mais ainda: pelo menos por ora, uma sociedade israelo-palestiniana pacífica e mista é impensável. Em suma, os árabes terão não só de aceitar a existência do Estado de Israel, como também a existência do estado judeu de Israel no meio das suas terras, como uma espécie de intruso indesejável. E, segundo todas as probabilidades, esta perspectiva abre também a via à única solução realista do impasse: uma "kosovisação" da região, isto é, a presença temporária na Cisjordânia ocupada e nos territórios da faixa de Gaza das forças internacionais (e, porque não, da NATO?) que suspenderiam simultaneamente o "terror" palestiniano e o "terror de Estado" israelita, assegurando assim as condições para um Estado palestiniano e para a paz em Israel.
Slavoj Zizek, incluído no seu (pertinente) livro, recentemente traduzido pela Relógio d'Água, Bem-Vindo ao Deserto do Real.
[SL]
Slavoj Zizek, incluído no seu (pertinente) livro, recentemente traduzido pela Relógio d'Água, Bem-Vindo ao Deserto do Real.
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