09/10/25

Este poema

Falei de ti e os sonhos voltaram.

Deveria saber que é sempre assim,
as palavras trazem o esquecido,
os lugares e o seguro
que a vida estabelece, a demarcação:
 
não regressarás ao tempo
onde enfrentaste o silêncio
e a casa vazia por dentro das
figuras que a descrevem, dilúvios
curtos contra a espessura do grito.
 
Entre essa imagem e o espelho
há o doce olhar de um veado
pronto para a matança.
E nessa imagem vivo eu
 
mas tu não me procuras,
vivo eu e o eco do amor,
atenuado, uma vibração
tão mínima na noite que
apenas a sinto quando
 
a trago aqui, a este poema.  

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