09/10/13

O tempo

Na luz do dia,
bate a vida.
O calor entra pela janela,
trazendo vozes,
o canto dos pássaros e a primavera,
restos de conversas às quais
não se destrinça o fio,
o sentido,
o rumor da auto-estrada
sobrepondo-se ao perpétuo
bulício da fábrica na distância,
o som das turbinas
ruído de fundo do universo.

Tento perceber
as palavras trocadas;
crianças riem por cima dos adultos,
o estalo de uma bola de futebol contra um muro
é a tónica da frase,
um riso breve corta a atenção,
levando outros atrás,
aves seguindo o bando.

É o tempo do regresso,
de uma nova imagem a que seguimos,
é o tempo de esquecer o inverno que passou.
Acredito no caminho que me
segue, e repito-o como um mantra
antigo onde me abrigo,
uma palavra nova ensinada a um viajante
vindo do outro lado do deserto:
não a aprendo agora, mas guardo-a na memória,
e quando menos esperar vou saber como a dizer.

O Sol é um ritmo claro,
a ele entrego a vida que me chega.

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