04/11/11

Experience (1)

O relato autobiográfico de Martin Amis, Experience, é um irregular exercício de vaidade auto-depreciativa, uma tentativa de satirizar o seu "eu" jovem e conflituoso, distanciando-se dele no mesmo passo. Os conflitos com Kingsley evoluem em função do precoce ego inchado de Martin e da consequente tentativa de superação do pai. Freud lido à luz da herança artística: o risco de Martin seguir o mesmo ofício do pai é compensado pela distância em todas as outras matérias da vida. Martin implicitamente não aprova o comportamento mulherengo do pai e tanta ser (ou, pelo menos, assim o afirma) um marido melhor. Rejeita as ideias políticas conservadoras (que raiam o racismo em algumas questões) a exibe uma mentalidade progressista (mas não são quase sempre os filhos inteligentes o contrário do exemplo dos pais?). E, à fria e inglesa distância no trato com os filhos que Kingsley nunca deixou de praticar, Martin responde com uma proximidade aberta com a sua descendência.

Não é preciso de dizer que toda esta informação pode ser uma fraude. E a empáfia muito segura de si não esclarece a suspeita. Tirando isso, um estilo vivo, claro e elegante mantém o leitor sempre à tona.

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