filamentos de gelatinoso néon
invadem a catedral em celulóide do filme nocturno:
arquitectura de asas abóbadas de vento
pássaros de lixo
som
pálpebras de lodo sobre a boca do homem
que rasteja de engate em engate pelas avenidas da memória
e quando encontra a porta de um bar
mergulha no inferno
bebe furiosamente
o peito encostado ao zinco sujo
duma geração de subúrbio presentes
aqui os jovens, com a canga nos ombros
e o mundo poderia desabar dentro de 5 minutos
o copo estilhaça os vidros esfregados
nos ombros
no peito onde uma veia rebenta
para mostrar o radioso canto
depois dança contorce-se embriagado
sobre o rosto suado
com a ponta dos dedos espalha sangue e cuspo
construindo a derradeira máscara
cai para dentro do seu próprio labirinto
como se a verticalidade do corpo fosse um veneno
domina-o um estertor
uma corda invisível ata-lhe a voz
não se moverá mais
apesar de nunca ter avistado os órgãos profundos do corpo
sabe que também eles se calaram para sempre
a noite é imensa e já não tem ruídos
a morte vem dos pés sobe à cabeça
alastra ferozmente
mas a sua inquietante brancura só é perceptível
na súbita erecção do enforcado
Al Berto
Ian Curtis morreu há 40 anos.
18/05/20
11/05/20
De Without: Poems
(...)
Remembered happiness is agony;
so is remembered agony.
I live in a present compelled
by anniversaries and objects:
your pincushion; your white slipper;
your hooded Selectric II;
the label basil in a familiar hand;
a stain on flowery sheets.
(...)
Donald Hall
03/05/20
May
When I looked down from the bridge
Trout were flipping the sky
Into smithereens, the stones
Of the wall warmed me.
Wading green stems, lugs of leaf
That untangle and bruise
(Their tiny gushers of juice)
My toecaps sparkle now
Over the soft fontanel
Of Ireland. I should wear
Hide shoes, the hair next my skin,
For walking this ground:
Wasn’t there a spa-well,
Its coping grassy, pendent?
And then the spring issuing
Right across the tarmac.
I’m out to find that village,
Its low sills fragrant
With ladysmock and celandine,
Marshlights in the summer dark.
Seamus Heaney
Trout were flipping the sky
Into smithereens, the stones
Of the wall warmed me.
Wading green stems, lugs of leaf
That untangle and bruise
(Their tiny gushers of juice)
My toecaps sparkle now
Over the soft fontanel
Of Ireland. I should wear
Hide shoes, the hair next my skin,
For walking this ground:
Wasn’t there a spa-well,
Its coping grassy, pendent?
And then the spring issuing
Right across the tarmac.
I’m out to find that village,
Its low sills fragrant
With ladysmock and celandine,
Marshlights in the summer dark.
Seamus Heaney
Subscrever:
Mensagens (Atom)