Isto não é um filme.
30/07/12
28/07/12
Mother, summer, I
My mother, who hates thunderstorms,
Holds up each summer day and shakes
It out suspiciously, lest swarms
Of grape-dark clouds are lurking there;
But when the August weather breaks
And rains begin, and brittle frost
Sharpens the bird-abandoned air,
Her worried summer look is lost.
And I her son, though summer-born
And summer-loving, none the less
Am easier when the leaves are gone;
Too often summer days appear
Emblems of perfect happiness
I can't confront: I must await
A time less bold, less rich, less clear:
An autumn more appropriate.
Phillip Larkin
Holds up each summer day and shakes
It out suspiciously, lest swarms
Of grape-dark clouds are lurking there;
But when the August weather breaks
And rains begin, and brittle frost
Sharpens the bird-abandoned air,
Her worried summer look is lost.
And I her son, though summer-born
And summer-loving, none the less
Am easier when the leaves are gone;
Too often summer days appear
Emblems of perfect happiness
I can't confront: I must await
A time less bold, less rich, less clear:
An autumn more appropriate.
Phillip Larkin
25/07/12
A ilha de Caribou
Um espaço confinado. Clima extremo. Um casamento perdido. Escrever com uma navalha no bolso e o coração na garganta. The great alaskan novel.
24/07/12
19/07/12
Hearth-fires and holocausts
Macaulay Connor: Tracy.
Tracy Lord: What do you want?
Macaulay Connor: You're wonderful. There's a magnificence in you, Tracy.
Tracy Lord: Now I'm getting self-conscious. It's funny. I - Mike? Let's...
Macaulay Connor: Yeah?
Tracy Lord: I don't know - go up, I guess, it's late.
Macaulay Connor: A magnificence that comes out of your eyes, in your voice, in the way you stand there, in the way you walk. You're lit from within, Tracy. You've got fires banked down in you, hearth-fires and holocausts.
Tracy Lord: I don't seem to you made of bronze?
Macaulay Connor: No, you're made out of flesh and blood. That's the blank, unholy surprise of it. You're the golden girl, Tracy. Full of life and warmth and delight. What goes on? You've got tears in your eyes.
Tracy Lord: Shut up, shut up. Oh, Mike. Keep talking, keep talking. Talk, will you?
Tracy Lord: What do you want?
Macaulay Connor: You're wonderful. There's a magnificence in you, Tracy.
Tracy Lord: Now I'm getting self-conscious. It's funny. I - Mike? Let's...
Macaulay Connor: Yeah?
Tracy Lord: I don't know - go up, I guess, it's late.
Macaulay Connor: A magnificence that comes out of your eyes, in your voice, in the way you stand there, in the way you walk. You're lit from within, Tracy. You've got fires banked down in you, hearth-fires and holocausts.
Tracy Lord: I don't seem to you made of bronze?
Macaulay Connor: No, you're made out of flesh and blood. That's the blank, unholy surprise of it. You're the golden girl, Tracy. Full of life and warmth and delight. What goes on? You've got tears in your eyes.
Tracy Lord: Shut up, shut up. Oh, Mike. Keep talking, keep talking. Talk, will you?
16/07/12
Cães
Os livros fazem-nos companhia; mas não são cães. Não precisam de ser levados a passear, não arruinam mobília, não são leais. Não são leais, e ainda bem. Deixam de gostar de quem os lê no momento em que o interesse de quem lê desvanece. Exigem fidelidade enquanto dura o modo amoroso, mas conseguem ser tão cruéis como uma entendiada Bovary. Se os precisamos de levar para férias, pesam muito mas dão menos trabalho do que um cão. E podemos fazer com eles analogias animais, deus nos perdoe. Quando são bons, são muito bons, e se apenas conseguimos amar moderamente um livro é porque não sabemos entregar o coração ao livro que o merece.
A auto-comiseração serve-nos quase tão bem como o fétiche dos livros. Mas estes salvam-nos, nem que seja provisoriamente; a auto-comiseração, não. E escrever sobre o fétiche, ainda menos.
15/07/12
11/07/12
Uma imagem
Bancos vazios no largo.
Essa imagem a que se agarram,
tiraram-na de um mau poema,
mas substituiu a contento a realidade
crivada de zangas, discussões e desenganos.
No abraço em risco,
no arame em que os minutos se enforcam,
perdem-se no curso do que não dizem.
Bancos vazios no largo,
folhas secas, passos rápidos, gente solta.
Como se durante aquele sonho inicial
pudessem ouvir quem vivia fora,
o largo e a ideia de um encontro,
os velhos vivos a caminho, os bancos que os esperam.
A meio de uma rua, não muito longe dali,
a pensão recolhida na margem de outro ano,
o monte de caliça branca crescendo a cada visita,
e a frase repetida pela velha que os atende,
"uma hora, vinte euros", como as putas.
Bancos vazios no largo,
e o combate sereno e distante que os ecoava,
numa memória tão funda que
ao bater na pele ressoava
como se a ponta de um osso a perfurasse,
e ascendesse à superfície, coroando de sangue
a ruína.
O largo, apenas, eles não.
Essa imagem a que se agarram,
tiraram-na de um mau poema,
mas substituiu a contento a realidade
crivada de zangas, discussões e desenganos.
No abraço em risco,
no arame em que os minutos se enforcam,
perdem-se no curso do que não dizem.
Bancos vazios no largo,
folhas secas, passos rápidos, gente solta.
Como se durante aquele sonho inicial
pudessem ouvir quem vivia fora,
o largo e a ideia de um encontro,
os velhos vivos a caminho, os bancos que os esperam.
A meio de uma rua, não muito longe dali,
a pensão recolhida na margem de outro ano,
o monte de caliça branca crescendo a cada visita,
e a frase repetida pela velha que os atende,
"uma hora, vinte euros", como as putas.
Bancos vazios no largo,
e o combate sereno e distante que os ecoava,
numa memória tão funda que
ao bater na pele ressoava
como se a ponta de um osso a perfurasse,
e ascendesse à superfície, coroando de sangue
a ruína.
O largo, apenas, eles não.
10/07/12
O funcionário
No seu leito de morte, o funcionário arrepender-se-á de todos os momentos que passou a amaldiçoar a lenta passagem do tempo. Cada minuto a achar que o tempo não passa e o tempo, próximo e invisível, passando por ele. No seu leito de morte, o funcionário vai querer que o tempo passe lentamente. Demasiado tarde.
07/07/12
06/07/12
O deus dos pormenores
Às vezes apetece dizer: dias estranhos, estes. A histeria mediática à volta de uma partícula elementar, o Bosão de Higgs, mostra que este mundo - o nosso, ocidental e tudo - tem saudades do deus morto há quase cento e cinquenta anos. Durante alguns dias, o que é ciência, conhecimento puro, transformou-se numa espécia de papa esotérica com emanações místicas e arroubos teológicos. Sabendo que a God's particle era para se chamar a goddam particle e apenas por conveniência moralista de um editor de uma revista científica surgiu a maldita expressão, percebemos como andamos perdidos. Todos. Menos os cientistas que, fechados nos seus laboratórios procurando a comprovação das suas hipóteses, sabem que o furor do leigo perante a ciência tem a mesma raiz que o extâse místico do seguidor de uma qualquer seita. Prostrados ao altar do desconhecido, procuramos deus na matéria de que somos feitos. Felizmente, este furor é passageiro. E o que realmente interessa, o esforço do cientista, persiste independente do mundo. Até o próximo Bosão reaparecer de forma intermitente nos instrumentos de medição da Natureza, o descanso. Cinco dias, já passaram?
05/07/12
Medo
Somos inseparáveis da nossa ferocidade. Nada do que façamos nos permitirá exorcizar a natureza animal que nos estrutura. Odiamos porque lutamos, e lutamos porque somos. E não deveremos esquecer: na Natureza, os fracos morrem cedo e não deixam descendência. Se os fracos agora vivem até tarde, foi porque a razão e o engenho humano ultrapassaram os limites da Natureza, e a doença deixou de matar cedo quem nasce exposto à fraqueza. A ciência destruiu a ordem natural das coisas. Será por isso que nunca estivemos tão perdidos, afastados de um divino que nunca deixou de ser o outro rosto do medo. O outro rosto do mundo.
02/07/12
Uma fórmula, apenas
És tu só. Tudo o mais se diferencia, mas também começa em ti, no fim de ti. Parte da matéria do mundo de que és feito não te pertence, essa parte rasa onde caminhas quando lês um poema. Essa parte rasa, e tão aérea que é como se fosse o avesso da terra onde pousas os pés. A cada passo, o mundo que se vira acaba em ti, as partículas que se cruzam a uma velocidade infinita e te definem enquanto composto da matéria, luz que és tu, só. Uma porção de instante e de intervalo, uma fórmula. Apenas isso.
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