19/10/10

Isto

Há muito que não escrevo sobre o acto de escrever - a expressão é desajeitada e comum o suficiente para ter pensado numa alternativa; mas não achei. Houve um tempo em que o metabloguismo priápico era um dos passatempos preferidos dos bloguers; na idade do cansaço, já pouco se vê disso. Há outros brinquedos mais rápidos e próprios de quem procura este meio para comunicar. No meu caso, abreviei, dentro do possível, a minha passagem pelo twitter; pouco actualizo o facebook; e sirvo-me deste blogue, mais pessoal, para ir deixando o pouco que não cabe na vida. Deste modo, as actualizações escasseiam; e, muitas vezes, apenas trazem algum arrependimento. Coisa pouca, incómodos não muito importantes. Mas será outra coisa, a essência disto?

14/10/10

13/10/10

Para quê?

Além disso, para que impedir as pessoas de morrerem se a morte é o termo normal e legítimo para cada um de nós? Que importância tem que um mercador ou um funcionário quaisquer vivam mais cinco ou dez anos? Ora, se considerarmos que o objectivo da medicina consiste em aliviar com panaceias o sofrimento, surge involuntariamente uma pergunta: aliviá-lo para quê? Em primeiro lugar, dizem que o sofrimento leva o homem a atingir a perfeição; em segundo lugar, se a humanidade realmente aprender a aliviar o sofrimento com pastilhas e gotas, abandonará por completo a religião e a filosofia, nas quais tem encontrado até hoje não só protecção para todas as desgraças, como ainda felicidade. Púchkin, no seu leito de morte, passou por sofrimentos atrozes, o pobre do Heine esteve paralisado durante vários anos; por que não hão-de estar doentes um Andrei Efímitch ou uma Matriona Sávichna, cuja vida é fútil e seria completamente vazia como a da amiba, se não fosse o sofrimento? 

Anton Tchékhov, "A Enfermaria nº 6", incluído em Contos de Tchékhov, vol II, ed. Relógio d'Água, tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra

11/10/10

Quinta-feira



Conversa de Bairro, com o realizador Pedro Costa e o crítico de cinema Luís Miguel Oliveira, moderada por Susana Viegas, em torno da filmografia de Pedro Costa, cuja obra é monografada no livro cem mil cigarros, publicado pelas edições Orfeu Negro em parceria com a Midas Filmes.

cem mil cigarros oferece-nos uma visão retrospectiva da obra cinematográfica de Pedro Costa, reunindo textos de 29 críticos, ensaístas, realizadores e artistas de todo o mundo, entre os quais João Bénard da Costa, Thom Andersen, Chris Fujiwara, Jacques Rancière e Jeff Wall. Organizada e prefaciada por Ricardo Matos Cabo, esta monografia permite-nos um olhar alargado sobre a obra de Costa - os seus filmes, o seu pensamento, a paixão de realizar -, hoje uma referência fundamental no cinema contemporâneo.

Livraria Bulhosa Campo de Ourique
Rua Tomás da Anunciação 68 B | 1350-330 Lisboa

04/10/10

Always mind the classics

Folds of scarlett drapery shut in my view to the right hand; to the left were the clear panes of glass, protecting, but not separating me from the drear November day. At intervals, while turning over the leaves of my book, I studied the aspect of that winter afternoon. Afar, it offered a pale blank of mist and cloud; near a scene of wet lawn and storm-beat shrub, with ceaseless rain sweeping away wildly before a long and lamentable blast.

Jane Eyre, Charlotte Brontë

Repare-se no uso do ponto e vírgula. Ou como respirar depois de mais uma tentativa com uma das novidades da rentrée. Deus as tenha em grande conta; que eu não.