Não me lembro de algum texto me ter convencido de forma tão decisiva a não comprar um livro. A não ler, nem sequer espreitar. O livro estava na minha lista há uns largos meses, vai não vai, no seguimento da leitura de Deus não é Grande, de Christopher Hitchens. Esperava a ilusão depois da desilusão de Hitchens.
(Descontada a retórica, que de resto é facilmente contestável, fica nada. Absolutamente nenhum ponto se acrescenta ao que já se sabe sobre religião; devo dizer que a retórica descabelada de Hitchens, por muito ácida que seja (fogo-de-artifício estilístico), convenceu-me a seriamente voltar a reconsiderar a questão da minha crença. Por outras palavras: se antes navegava alegremente nas águas turvas do ateísmo, agora o meu barco aproxima-se perigosamente de uma costa estranha, quase agnóstica. Temo pela minha felicidade futura. Obrigado, Sr. Hitchens.)
Tudo isto para dizer que não irei ler A Desilusão de Deus, de Richard Dawkins, graças a um texto perfeito de Pedro Picoito no último número da revista Atlântico (não disponível on-line). Ou como duas ou três páginas construídas sobre um raciocínio claro e bem-humorado, certeiro e simples, de tão óbvio, desconstroem algumas centenas de páginas escritas por um dos mais brilhantes cientistas da actualidade (e se Dawkins é bom - bastaria ler O Relojoeiro Cego para se perceber isso).
Portanto, devo 20 euros a Pedro Picoito. E agradeço-lhe por isso.
(Descontada a retórica, que de resto é facilmente contestável, fica nada. Absolutamente nenhum ponto se acrescenta ao que já se sabe sobre religião; devo dizer que a retórica descabelada de Hitchens, por muito ácida que seja (fogo-de-artifício estilístico), convenceu-me a seriamente voltar a reconsiderar a questão da minha crença. Por outras palavras: se antes navegava alegremente nas águas turvas do ateísmo, agora o meu barco aproxima-se perigosamente de uma costa estranha, quase agnóstica. Temo pela minha felicidade futura. Obrigado, Sr. Hitchens.)
Tudo isto para dizer que não irei ler A Desilusão de Deus, de Richard Dawkins, graças a um texto perfeito de Pedro Picoito no último número da revista Atlântico (não disponível on-line). Ou como duas ou três páginas construídas sobre um raciocínio claro e bem-humorado, certeiro e simples, de tão óbvio, desconstroem algumas centenas de páginas escritas por um dos mais brilhantes cientistas da actualidade (e se Dawkins é bom - bastaria ler O Relojoeiro Cego para se perceber isso).
Portanto, devo 20 euros a Pedro Picoito. E agradeço-lhe por isso.
[Sérgio Lavos]
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