Dois textos na revista Malagueta:
Para o leitor desprevenido e com pouco tempo em mãos, uma das coisas que pode ajudar na escolha de um livro é o primeiro parágrafo. O nível de intensidade, o tom, o estilo, o tema, tudo pode ser lido nessas primeiras frases. Para um leitor mais habituado, estas primeiras frases ainda são mais importantes do que para o desprevenido. A audácia do escritor nesta definição inicial é fundamental. E esta audácia passa muitas vezes pela criação de um diálogo com a memória do leitor. Um romance histórico pode começar com um aforismo que defina uma época: “Aquele era o melhor dos tempos, aquele era o pior dos tempos (…)” (Um conto de duas cidades, Charles Dickens. Nova Cultural, 2003). Um épico inicia-se com uma evocação de alguém que conheceu o herói em tempos: “O Sueco. (…) O nome era mágico; também o era a sua cara esquisita” (Pastoral americana, Philip Roth. Companhia das Letras, 1998). Um livro no qual o acaso desempenha um papel importante principia com o desafio ao destino: “Durante um ano inteiro não fez outra coisa senão guiar, viajando erraticamente pela América enquanto esperava que o dinheiro acabasse” (Music of chance, Paul Auster). (...)
Ouvia na Internet a emissão do programa Zane Lowe Show, na BBC Radio 1, aquele em que os Radiohead foram convidados como DJs, e percebi que é possível ouvir música pop sem perceber as palavras cantadas. Percebi o óbvio, portanto. Todos sabiam já, certo? (...)
[Sérgio Lavos]
Para o leitor desprevenido e com pouco tempo em mãos, uma das coisas que pode ajudar na escolha de um livro é o primeiro parágrafo. O nível de intensidade, o tom, o estilo, o tema, tudo pode ser lido nessas primeiras frases. Para um leitor mais habituado, estas primeiras frases ainda são mais importantes do que para o desprevenido. A audácia do escritor nesta definição inicial é fundamental. E esta audácia passa muitas vezes pela criação de um diálogo com a memória do leitor. Um romance histórico pode começar com um aforismo que defina uma época: “Aquele era o melhor dos tempos, aquele era o pior dos tempos (…)” (Um conto de duas cidades, Charles Dickens. Nova Cultural, 2003). Um épico inicia-se com uma evocação de alguém que conheceu o herói em tempos: “O Sueco. (…) O nome era mágico; também o era a sua cara esquisita” (Pastoral americana, Philip Roth. Companhia das Letras, 1998). Um livro no qual o acaso desempenha um papel importante principia com o desafio ao destino: “Durante um ano inteiro não fez outra coisa senão guiar, viajando erraticamente pela América enquanto esperava que o dinheiro acabasse” (Music of chance, Paul Auster). (...)
Ouvia na Internet a emissão do programa Zane Lowe Show, na BBC Radio 1, aquele em que os Radiohead foram convidados como DJs, e percebi que é possível ouvir música pop sem perceber as palavras cantadas. Percebi o óbvio, portanto. Todos sabiam já, certo? (...)
[Sérgio Lavos]
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