Após uma regular actividade com diversos músicos ao longo da década de 80 e parte da década de 90, David Fincher (n.1962) fez uma pausa para se dedicar às longas metragens tendo com Se7en conquistado a fama e surpreendido o mundo. Assim, encontramos a sua marca típica em Alien 3 (1992) para se seguirem êxitos cinematográficos com qualidade como Se7en (1995), The Game (1997), Fight Club (1999) e Panic Room (2002). A nível cinematográfico, Fincher consegue o prodígio de se manter fiel e dedicado a um tema muito próprio: a perigosidade do Outro. Na verdade, o Outro, ou o Si próprio como um Outro, é sempre um elemento perverso, perigoso, entrando em jogatinas com um bem existencial sem repetição, a existência de cada um. E, será em parte devido a este confronto que preferíamos evitar, que os filmes de Fincher são tão perturbadores porque colocam o niilista espectador em que nos tornámos perante uma moralidade litúrgica que nos parecia ser tão distante e ausente.
[Como se não bastasse, David Fincher consegue ainda fazer anúncios comerciais como ninguém (ver YouTube).]
Com os Nine Inch Nails (Coliseus em Fevereiro) e este video Only, David Fincher entra numa lógica artificial juntando a animação por computador com um brinquedo infantil onde surge o rosto de Trent Reznor, filmando ondas sonoras repercutindo na matéria envolvente, dando densidade a uma música com um forte carácter industrial. Os únicos elementos biológicos são as maçãs verdes e a mão que dita o play.
[Susana Viegas]
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